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quinta-feira, 20 de maio de 2010

A RAPOSINHA

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Conto de Margarete Solange



Vou contar a história de uma raposinha que tentava alcançar as uvas... Mas olha aqui, não vá pensar que se trata da mesma raposa daquela antiga fábula, A Raposa e as Uvas, conhecida no mundo inteiro. Nada disso. Aqui a raposa é outra, e as uvas também, embora deva reconhecer que o início dessa história é bem parecido com aquela já conhecida. Mera coincidência, no desfecho as duas são diferentes. Leia e confira:
Uma raposinha sonhadora ia passando perto de uma vinha, quando, de repente, foi atraída por belos cachos de uvas bem madurinhas, prontinhas para serem colhidas e devoradas. Deslumbrada, parou e ficou pensando no que poderia fazer para realizar o seu desejo. Dinheiro para comprá-las, não tinha; roubá-las, nem pensar. Agir com desonestidade não cai bem para quem deseja ser respeitado.
Instantes depois, a raposinha percebeu que um leão velho, que tomava conta da vinha, aproximava-se do local onde ela estava. Gentilmente o cumprimentou e quis saber o que poderia fazer para saborear as belas uvas. O leão disse-lhe que, se ela pulasse e colhesse as uvas com a boca, poderia ter quantas uvas desejasse. Ora, o astuto leão bem sabia que a raposinha era pequena demais para alcançar uvas tão altas.
A raposinha, muito animada, começou a saltar. Pulou uma, duas, três... vinte... trinta... enfim, muitas e muitas vezes, sem sucesso. Parou para descansar. Enquanto isso, o leão pastorador, deitado à sombra de uma frondosa árvore, observava, divertindo-se. Após inúmeras tentativas a Raposinha, consciente de que precisava aprimorar seus saltos, desistiu. Desistiu temporariamente. Disse ao Leão que treinaria bastante, e quando se sentisse capaz de dar saltos mais altos, retornaria para tentar novamente alcançar as uvas prometidas.
A notícia de seu fracasso espalhou-se por toda a floresta. Por onde passava, os animais de bom coração lhe dirigiam alguma palavra de conforto, os insensíveis escarneciam.
– E aí, dona Raposa, não quis as uvas porque elas estavam verdes, foi?
– Que nada, meus amigos, estavam maduras e saborosas, eu é que não fui capaz de alcançá-las... Mas, não desisti, outras uvas virão e um dia vou consegui-las. Podem apostar suas vidas.
Assim, o tempo foi passando, e a raposinha ia, vez por outra, testar a sua capacidade. Pulava e pulava enquanto o leão pastorador a observava pelos arredores da vinha.
– Desista – diziam algumas raposas amigas sempre que a encontravam pelo caminho, já cansada de tanto saltar. – Você não precisa dessas uvas para se fartar. Existem tantas outras coisas ao seu alcance para comer. Para alcançá-las você vai ter que crescer e conseguir saltar bem alto... E, como bem sabe, as raposas não são altas nem saltadoras.
Contudo, nada fazia a raposinha desistir. Pelo contrário, ansiava por provar que um dia seria capaz. Acreditava que o seu alvo deixaria de ser tão alto se ela se esforçasse e investisse em suas potencialidades. Por fim, se não conseguisse ser vitoriosa, pelo menos não tinha sido fraca, recusando-se a enfrentar o desafio.
Depois de muitas tentativas, o dono da vinha, impressionado com a sua perseverança, resolveu recompensá-la. Disse-lhe que subisse nas costas do leão velho e escolhesse para si todos os cachos de uvas que fossem do seu agrado. A raposinha recusou a gentileza, explicando-lhe que não era dessa forma que gostaria de vencer na vida. Além disso, bem sabia que o leão era sarcástico e acabaria por lançar-lhe em rosto o favor concedido. Tampouco queria carregar sobre os ombros o peso de sentir-se incapaz de vencer por si mesma.
O dono da vinha, então, ofereceu-lhe um outro presente. Desta vez, uma bolsa de estudo na Universidade das Rãs Saltadoras, com direito a aulas de alongamento de pescoço ministradas pelas girafas mestras. De bom grado aceitou, e lá se foi a raposinha sonhadora cheia de esperança.
Enquanto isso, o leão velho, sentindo-se o todo-poderoso, muito à vontade, como se fosse o próprio dono da vinha, mandava e desmandava, decidindo por conta própria quem podia e quem não podia provar o sabor das altas uvas.
Essa coisa de raposa tentando alcançar as uvas foi se espalhando até que virou atração para a bicharada. Todos os anos havia um concurso para escolher a raposa melhor saltadora. Muitos bichos vinham de longe para se divertir e fazer suas apostas. O fato é que o leão velho trapaceava, e só ganhava o concurso quem ele queria.
Algum anos depois, a raposinha, heroína de nosso conto, retornou formada em salto em altura. Sentindo-se preparada para enfrentar o concurso, inscreveu-se confiante e muitos apostaram nela. Surpresa: foi desclassificada.
Conversa vai, conversa vem... A bicharada cochichava entre si que o juiz favorecia as raposas que eram suas protegidas. A raposinha, sentindo-se injustiçada, passou a observar e colecionar os atos e os fatos e concluiu que as suspeitas tinham fundamento. Assim sendo, enquanto o leão velho fosse juiz e organizador do concurso, ela jamais seria a vencedora. Resolveu, então, fazer uso do privilégio que tinha com o dono da vinha. Pediu-lhe que lhe desse uma chance de provar que o leão era desonesto. Provou, e este foi destituído do cargo de juiz, perdendo também o emprego de pastorador da vinha.
Com um novo leão presidindo a comissão julgadora não houve mais fraudes. Reconheceram a competência da raposinha, que passara anos a fio treinando para conseguir vencer, sem favores de padrinhos. Finalmente ela provou das uvas conseguidas com seu próprio esforço. A partir de então, muitos vinham até ela para pedir lições de como saltar e alongar o pescoço para colher muitas uvas usando a boca. Pois é, e ela fazia isso com muita dedicação.

Sempre otimista, iniciava as suas palestras dizendo que o candidato deve saber medir a sua capacidade, reconhecer suas limitações e procurar superá-las. Outro passo importante seria investir na capacitação e perseverar firme, avançando em direção ao alvo, sem esquecer de preferir a honestidade para conseguir o que almeja. Afinal, “não há nada que se faça em oculto que em dias futuros não seja revelado”.

*          *         *
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Fonte: Margarete Solange. 
Ninguém é Feliz sem Problemas.  
Fundação Vingt-un Rosado, 2009.
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7 comentários:

  1. Gostei da Raposinha... E o leão velho se deu mau! Bem feito para ele.

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  2. Queria q/ todo mundo q/ tentasse passar a perna nos outros se desse mal como esse leão.Amei o conto, já tinha lido porém cada vez q/ leio aprendo algo diferente.
    O livro "Ninguém é Feliz sem problemas e outros" tem este conto e outros maravilhosos.Querem conhecer? Comprem o livro, é bem baratinho.E você Maria...já comprou o seu?Ñ vale ganhar só pq é prima,família é q/ tem q/ ajudar.rsrsrs.

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  3. Olha lá heim, Nadjane, vou te constituir minha representante de vendas. Estou até precisando já que Rafa está mais no Ceará de que aqui.
    Não vou nem colocar rsrsrss pq estou falando sério.

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  4. Ore para que Deus me cure de uma artrose degenerativa e de uma crise fortíssima de fibromialgia que garanto te ajudar nessa.kkkkk

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  5. É interessante a gente ser como essa raposinha, para lutar e um dia conseguir nossos objetivos. Nunca devemos desistir daquilo que a gente sempre sonha. Um dia a gente chega lá.

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  6. Esta contratada Nadjane para desempenha minha tarefa. Deixa essa doença degenerativa pra lá. Cura ela Senhor!!!

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  7. Amém!!!
    Só você Rafa faz esse trabalho perfeito.Por enquanto faço propaganda no blog e boca-boca.
    Não seria possível um espaço no blog divulgando o livro,preço,endereço pra compra...
    Acho que vale a pena.

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