Um certo dia fazendo um passeio virtual nos deparamos com David Rocha, rapaz simpático de 24 anos, muito bem equipado trabalhando em Angola na área técnica de topografia com especialização em georeferenciamento, geoprocessamento e aerofotogrametria, compreenderam direitinho, não? Então vamos pular essa parte... Continuando, David em visita ao Brasil, aceitou o convite da escritora Margarete Solange e gentilmente nos concedeu essa entrevista. Disse-nos que recebeu o convite de um amigo para trabalhar numa empresa de construção civil em Angola, e isso foi em 2007, quando nosso amigo tinha tão somente 21 anos. Nada mal! Sinceramente, é uma atitude louvável, é preciso ter coragem para enfrentar o desconhecido num pais onde pessoas e culturas são bem diferentes da nossa. Que o diga o protagonista dessa história que passou um longo tempo comendo sardinha e pão. Mas como nem só de sardinha e pão vive-se em Angola, nem cedo nem tarde, David decidiu encarar o Funge de Bombô, uma comida típica do país, feita da mandioca. Satisfeito da vida, sentindo-se realizado profissionalmente, nos diz que depois de dois anos trabalhando na área de Construção Civil, passou a trabalhar com Pesquisas Geológicas.
Uma paradinha para fotos.
Foto tirada na província do Cunene, Sul de Angola, Região onde vivem várias tribos de nativos. As jovens mulheres da Tribo dos Moacaonas vestem unicamente saias e amarram cordas e cordões na cintura dando uma volta a cada ano que se passa.
Que tal essa apresentação de Tradições? Um encanto!
Agora, vamos com David fazer uma visitinha aos animais.
Aqui temos emoção de cultuar a Deus em terras distantes.
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Analisando pelas belas fotos de seus álbuns que gentilmente nos foi cedida, tudo parece uma grande aventura, mas a realidade diária é bem cheia altos e baixos, pedras e espinhos, rios, cobras e outros animais bonitinhos que surgem a todo instante como cervos e balbuínos dos quais é bem prudente manter certa distância.
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Estes são meninos caçadores:
comem-se cobras nessa região.
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Todavia segundo ele, nenhum obstáculo natural ou bichinho selvagem que aparece aqui e ali cruzando pelo caminho se mostram tão traiçoeiros e perigosos quanto as minas terrestres, restos das constantes guerras pelas quais passou o país. Angola chegou a ser considerado o país mais minado do mundo. Estando em Luanda desfruta de certo conforto, pois vivem em condomínio, onde a vida não é tão difícil e à noite dá para reclinar a cabeça em travesseiros sem sustos. No entanto, para desempenhar seu ofício, já viveu em vários lugares do país, morando no estaleiro (acampamento onde funciona a base da empresa) onde se recolhem as máquinas. Nesse alojamento, o lar tem o céu como teto e para o aconchego dormem em barracas. As oito horas da manhã, após o DSS (dialogo de saúde e segurança) inicia-se a jornada de trabalho com duração de oito horas.
Com saudade e ternura, David nos diz que pressente que sua estada em Angola está chegando ao fim, e que durante esses três anos percorrendo os quatro cantos dessa pátria sofrida, tem conhecido pessoas de vários lugares: libaneses, portugueses, espanhóis, árabes dentre outros. E nessa interação entre raças e nações, a comunicação se dá em português angolano ou num inglês sem pátria no qual vale tudo para se fazer entender. No fim de tudo, quando findar sua lida, restará saudade de lugares e gente que talvez não veja nunca mais, mas ficarão as lembranças de todas as coisas belas, boas e dolorosas que contribuíram para fazê-lo mais forte, mais humano, enfim, mas profissional.
Na foto acima, David que também tem curso de socorrista, atende a um colega de trabalho.
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Mas, espere ainda um momento, nossa reportagem ainda não acabou. Falta contar para vocês uma das histórias curiosas que David nos contou. Nessa ele entra como o grande construtor, o criador da singela ponte sobre o rio Macondo. Pois é, para trabalhar do outro lado desse rio, nosso amigo e seus companheiros tinham que atravessar enfrentando as águas e assim tinham que permanecer molhados durante todo o dia, até que de repetente uma idéia criativa lhe sobreveio. Assim sendo, procurou pelos arredores o material necessário para seu grande invento...
Senhoras e senhores vos apresento a magnífica obra de nosso artista...
"Antes todos passavam o dia molhado, por ter que atravessar a nado este rio, mas quando cheguei logo pensei: vou engenhar uma maneira de me safar, olha aí o resultadoooooo... Resfriado? Nunca mais...kkkkk" (palavras do grande inventor)
Pois é, uma ponte singela, sem formosura nem sofisticações, porém muitíssimo necessária e bem bolada. É isso aí, David, pra você, jovem inteligente e corajoso, tiramos os nossos chapéis.
Serra da Leba vista diurna.
Serra da Leba vista noturna
Opa, que moleza é essa, rapaz? Ah não é moleza, não! Esquecemos de dizer que em sua grande aventura, David também foi acometido de malária, mas isso já passou. Agora é aproveitar bem a vida na companhia dos novos amigos... E viva a diferença!
Grande abraço de todos nós que fazemos este estimado bloguinho.
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Fotografias gentilmente cedidas
Por David Rocha