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sábado, 20 de novembro de 2010

Análise literária da poesia “Quintais”

da autora Margarete Solange 
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A poesia "Quintais" descreve um momento de solidão e beleza. O eu poético exprime o falar de uma mulher que em sua solidão se sente protegida por altos muros e realizada na companhia de seus dois cachorros. Esse enclausuramento pode ser simplesmente uma escolha, mas também pode ser resultado de decepções e magoas, por achar que as pessoas não são verdadeiras ou porque essas pessoas não apreciam sua companhia como os seus amigos cachorros. Por um breve momento ela se sente senhora de um reino “sem hora” e sem pessoas, no qual ela pode ser alguém que não é ninguém, ou seja, não existem cobranças a seu respeito. Nesse cenário, ela não tem e nem precisa ter uma identidade. O que ela é no mundo real, se existem pessoas em sua volta, parentes e amigos, se tem posses ou títulos, nada disso importa enquanto está mergulhada em seu contentamento, envolvida pelo fascínio da noite. Nesse seu momento de silêncio, desfrutando dessa paz interior, da canção do vento no farfalhas das folhas e da beleza da lua prateada subindo no céu, apesar da melancolia, ela se sente feliz, porque tudo se mostra perfeito. Por isso, ela deseja que o relógio do tempo quebre e pare a fim de eternizar esse instante. Fora desse cenário ela se sente oprimida por seus compromissos diários. Escondida em seus quintais, se sente absoluta porque lá não há lugar para a vaidade, ambição ou pecado. Assim, não é somente a lua que se mostra pura, mas a própria mulher que está envolvida na pureza desse momento. E as suas companhias (os dois cães) têm por ela um amor sincero. Ela acredita nisso quando diz que para eles basta que ela esteja ali. Isso faz com que a mulher se sinta querida, protegida e realizada. Ela se sente feliz porque para essas duas criaturinhas sua presença é importante. Se ela quiser falar ou ficar calada, não tem problemas, não existem queixas nem as cobranças como há entre as pessoas. A presença dela é suficiente para alegrá-los nesse reino “sem hora”. Provavelmente, seja disso que essa mulher está se refugiando: da frieza das pessoas que não são verdadeiras como esses animais, e nesse recorte de instantes, de perfeita harmonia, ela encontra contentamento.
Texto de Haroldo Sabino
Fotografia de Rafaella Medeiros
Leia a poesia “Quintais”da autora Margarete Solange
 no livro Inventor de Poesia: Versos Líricos
Mossoró, RN: Queima-Bucha, 2010.
Ou nos arquivos deste blog postado na página anterior 
em 18 de novembro de 2010.

7 comentários:

  1. Emocionante. Não sei nem comentar. É uma cosia que vem de dentro, como um grito de liberdade. Naquele momento a mulher tá longe de tudo e de todos e não se preocupa com nada, vive só o momento com sua turma, sua cachorrada.

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  2. Não sei o que falar.Neste momento eu queria um quintal,uma cachorrada e um muro bem alto.Essa mulher da poesia está feliz nesse mundo,mesmo isolada por altos muros.Há momentos na vida que precisamos desse momento,aqui fora as vezes dá medo,tristeza de ver tanta coisa ruim.A Análise feita pelo Haroldo Sabino explica muito bem a poesia "Qintais".

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  3. Foi o que eu pensei quando li a poesia e vim aqui pra dizer tudo isso, mas Sr. Haroldo Sabino disse primeiro, se eu disser a mesma coisa não vai ter graça, vão dizer que eu copiei as ideias dele, mas com certeza eu pensei primeiro, quem sabe se ele não ouviu meu pensamento.

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  4. Maravilhoso! descreve muito bem a simplicidade e a felicidade...

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  5. Legal, seu Haroldo Sabino. Sinta-se convidado a fazer meu trabalhos de análise literárias.

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