Oi, pessoal, pra quem não me conhece eu sou o repórter Leon Fernandes, trabalho aqui neste nosso estimado bloguinho, sou filho e parceiro da Marina Bravia. Na página de 24 de novembro de 2010 minha mama publicou a poesia “O Prazer de Ler” da autora Margarete Solange, achei legal seu post mamita!! Sou fanzudo da escritora. As fotos que ilustraram a matéria ficaram muito lindas, por isso eu trouxe uma delas novamente aqui para vocês verem como Drummond estava concentradíssimo na conversa com o nosso repórter Carlos Rodrigo. É, pela foto parece que são grandes amigos.
Então, fiquei imaginando: o que será que os dois estão conversando? Fui chegando de mansinho pra ouvir, e advinha só o que descobri pra reportar pra vocês? Eles estavam falando sobre as obras da escritora Margarete Solange! Pois é, e pela cara do Drummond deu pra ver que ele ficou fanzudo da escritora também.
Daí, como falei anteriormente na hora da despedida, Rodrigo se levantou e disse:
– E agora, Drummond? Ao que ele respondeu:
– No meio do caminho tinha uma pedra...
Então Jesus que ainda não tinha entrado na história, disse em João 11:39:
– Tirai a pedra!!
E Margarete que amava Jesus, mas não foi para o convento, respondeu...
"Amém".
Pois é, atendendo ao nosso convite, ela veio pessoalmente dizer esse “Amém”. Legal, né?! Quem quiser ver é só acessar a página citada no inicio dessa matéria.
Em seguida, Maria José, que não é a mãe de Jesus, entrou na história e postou o seu comentário dizendo: “KKKKKKKKKK
Aí Margarete disse: nem fui pro convento, nem fiquei pra titia. Gosto de ler e escrever, sou uma boa escritora e não tem pedra no caminho que dê jeito.”
Achei divertido. Logo depois veio o seu Jorgão e disse:
“É bem verdade, quem lê sabe das coisas, quem não ler, fica por fora. Por exemplo, quem nada sabe sobre Drummond e nunca leu seus poemas não vai achar graça no texto de Leon. Pois essa brincadeirinha feita por ele só faz sentido para quem conhece os três poemas de Drummond que foram envolvido construção do texto.”
É isso mesmo seu Jorgão, o senhor está coberto de razão. Mas não seja por isso, quem ainda não conhece os três poemas de Drumonnd, citados nessa nossa brincadeira literária vai ter a chance de conhecer, porque nossa turma foi pessoalmente convidar Drumonnd pra vir aqui recitar suas obras pra gente. Será que ele vem?
E aí tio, o que a gente faz pra o senhor ir conosco visitar nosso bloguito?
Ele, então responde:
"se você tocasse a valsa vienense"
– Que tal um beijinho ao invés da valsa?
Ele então ficou pensando nessas "doces palavras, nesse instante de febre"
Mas um dia quando "a festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, " ele disse:
– Ei, Rapaz, você aí que está sentando ao meu lado, "que zomba dos outros, que ama, protesta" pode me dizer onde fica esse tal blog onde citaram as minhas poesias?
– Sei sim. Fica logo ali no Rio Grande do Norte, num sanduíche entre Natal e Fortaleza.
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– Eba!!! Ele vai. Eu sabia que eu pedindo ele iria!
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Amigos e amigas, amores e amoras com vocês o grande poeta, contista e cronista brasileiro Carlos Drummond de Andrade...
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No meio do caminho
poesia de Drummond
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
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Quadrilha
Carlos Drummond de Andrade
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história
E agora...
José
Carlos Drummond de Andrade
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
* * *
Fonte: Andrade, Carlos Drummond de. Antologia Poética.
11 ed Rio de Janeiro. J. Olympio, 1978.
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