poesia de Cecília Meireles
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
depois abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito:
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
depois abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito:
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
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Fonte:Cecilia Meireles.
Antologia Poetica.
L&PM, 2010
Cecília Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, no Rio de Janeiro. Órfã ainda criança, foi educada pela avó materna. Professora primária formada em 1917, dedicou-se ao magistério. Em 1919 publicou seu primeiro livro de poesias. A partir dos livros Viagem (1939) e Vaga Música (1942), alcançou a maturidade literária. Seu estilo, extremamente pessoal, dificulta a classificação de sua obra em uma escola literária específica, no entanto, seu fulgura entre os principais autores do modernismo. Lírica, intimista e mística, abordou os temas da precariedade da vida, do amor, da morte e da fugacidade do tempo. Morreu no Rio de Janeiro, em 9 de novembro de 1964.