De modo geral o Brasil é privilegiado pelo grande número
de bons escritores. Porém existem alguns que caem na graça do público por seus
escritos interessante e inteligentemente arquitetados. Esses conquistam o
destaque de favoritos, merecendo, portanto ser lidos e recomendados. Nesta
página, não mencionaremos todos, mas escolheremos alguns escritores de diferente
épocas como representantes expressivos da literatura brasileira. Iniciaremos
pelos mais recentes e concluíresmos a página com aquele que é considerado, por
alguns críticos literários, o maior vulto da literatura Brasileira: Machado de
Assis.
Margarete Solange
Escritora brasileira nascida em Natal, no Rio Grande do
Norte, escreve poesia, crônicas, contos e romances. É bem característico do seu
estilo misturar ao trágico ao cômico, surpreendo o leitor com algo que poderia
ter um desfecho diferente. Conforme opinião do prefaciador José Roberto Alves Barbosa “a
autora é uma mulher de posicionamento crítico, e, por isso, em determinados
momentos, como no conto Filhos da Pobreza,
será possível que o riso dê lugar ao pranto, ou, quem sabe, à indignação. Os
contos, em sua diversidade de temas, formam um mosaico da vida, estão repletos
de múltiplos olhares, textos e intertextos, discursos e contradiscursos. [...] admira-me
a capacidade que a autora mostra de trilhar entre um gênero e outro, se é que é
possível fazer distinção entre gêneros, já que todos eles estão imbricados.
Cada narrativa está repleta de casos que vão do trágico ao cômico num piscar de
olhos.” (1)
Entre os contos mais lidos e citados dessa autora estão
“Na vida e na morte”, “Filhos da Pobreza”, “O perdão de Sofia” e o polêmico “O
outro homem” conto cujo enredo diverte as mulheres e contrariam os maridos,
especialmente aqueles que se veem retratados nessa obra. Outra obra dessa autora
que vem sendo lida e comentada é o romance "O Silêncio das lembranças".
O Silêncio das Lembranças
Publicado em 2011, conta a história de duas
irmãs apaixonadas por leitura e pelo contato com a natureza. Na infância brincam soltas
pelos sítios nos derredores da Casa Grande em Jardim das Vargens.
Marisca, atrapalhada e dotada de imaginação fértil, confunde a realidade com o
mundo dos livros. Dentre outros temas a obra mostra um
pouco da trajetória da mulher ganhando espaço na sociedade. As protagotistas
Marina e Marisca são retratos de mulheres que, filhas de famílias bem
tradicionais, desejavam ganhar asas através de uma profissão, buscando conquistar o próprio espaço além dos limites estabelecido pelo casamento. Marina
tornou-se escritora, porém apesar de abrigar dentro de si uma alma de pássaro, não realizou o seu sonho de liberdade, mas a jornalista Marisca, sim.
Raquel de Queiroz
Raquel de Queiroz (4) |
Escritora brasileira, iniciou a sua carreira aos vinte anos
sendo a primeira mulher a fazer parte da Academia Brasileira de Letras. Nasceu
em fortaleza, no Ceará, e é, pelo lado materno, descendente do escritor José de Alencar (3). Ao publicar o romance "O Quinze" aos vinte anos, Raquel
de Queiroz tornou-se nacionalmente
conhecida e reconhecida pelo seu talento. Ao longo de sua trajetória foi
agraciada com vários prêmios tais como Prêmio
Fundação Graça Aranha para "O quinze", 1930; Prêmio Sociedade Felipe d' Oliveira
para "As Três Marias", 1939; Prêmio Saci, de O Estado de São Paulo, para "Lampião",
1954; prêmio Teatro, do Instituto Nacional do Livro, e Prêmio Roberto Gomes, da
Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, para "A beata Maria do Egito", 1959; prêmio
Jabuti de Literatura Infantil, da Câmara Brasileira do livro, para "O
menino mágico", 1969 e prêmio Nacional de Literatura de Brasília para conjunto
de obra em 1980, dentre outros.
O Quinze
Publicado em 1930, sendo o primeiro
Romance da escritora, “O Quinze” é considerado a obra prima de Raquel de
Queiroz. Dividido em dois planos narra uma história de grande seca ocorrida no
interior do Ceará no ano 1915 conforme o título sugere.
No primeiro plano a narrativa se
desenrola em todono dos protagonistas Conceição e Vicente que ambora sejam
atraídos um pelo outros, estão separados por uma barreira cultural que
desfavorece o romance dos dois. Conceição é uma moça culta, cheia de idéias
feministas enquanto Vicente embora rico proprietário de terras, é um homem
simples como os empregados de sua fazenda.
No segundo plano, dar-se a
emocionante e dramática história de Chico Bento, vagueiro desempregado que é
forçado a migrar a pé com sua família de Quixadá para capital cearence.
Graciliano Ramos
Graciliano nasceu em 27 de outubro de 1892 em Maceió. Após concluir
o segundo grau, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a trabalhar como jornalista. Em 1915, após a
morte de alguns de seus irmãos, que foram vitimados pela peste bubônica,
retorna ao Nordeste para morar próximo a família em Alagoas. Neste
mesmo ano casou-se com Maria Augusta com quem teve quatro filhos. Em 1927 foi eleito
prefeito de Palmeira dos Índios, permanecendo no cargo por dois anos. Em
abril de 1930, renunciou. Entre 1930 e 1936, época em que viveu em Maceió,
trabalhou como diretor da Imprensa Oficial, professor e diretor da Instrução
Pública do estado. Seu primeiro romance "São Bernado" foi publicado em 1934. No
ano seguinte, sem saber ao certo de que estava sendo acusado foi preso e
deportado para os cárceres do Rio de janeiro. Conta em suas "Memórias do Cárcere" que com ajuda de amigos, entre os quais o escritor José Lins do rego, conseguiu
publicar seu romance Angústia. Embora, segundo ele, a obra ainda carecesse
de alguns retoques.
Vidas Secas, publicado em 1938, é seu livro
mais lido e comentado, todavia Angustia(1936) é considerado por alguns críticos
como sendo o seu trabalho mais representativo. Graciliano faleceu em 20 de março
de 1953, aos 60 anos, vítima de um câncer no pulmão.
Angústia
Romance publicado na época em que o seu autor estava preso é
narrado por Luís da Silva, homem solitário,
desgostoso da vida e que acaba se envolvendo com sua vizinha, Marina.
Luís é um homem de trinta e cinco anos. Descrito por ele
mesmo como sendo feio: olhos baços, boca muito grande, nariz grosso. (p34) Um
sertanejo, um bruto, um selvagem, (semelhança com Fabiano de vidas seca). Diz
ser um ignorante e que seus escritos não prestam: os sonetos compostos por ele
não valiam nada. Luís trabalha numa reação fazendo artigos por encomenda,
julgava-se medíocre, um homem submisso às vontades de outros.
Ao longo da história o narrador mistura fatos reais a
antigos acontecimentos, recordações de sua infância vivida na fazenda do avô,
Trajano Pereira de Aquino Cavalcante e Silva, que de tão velho morreu caduco. Quando criança, era acostumado a brincar só. Na morte do
pai ninguém lhe dirigiu consolo e desde então diz que ter recebido muito coice.
Mais adiante retomando os acontecimentos do presente comenta que a cidade o
puniu demais e o sujou.
A história se passa em três tempos. O presente, tempo que
abre e encerra o relato do narrador.
Existem relatos acontecidos num passado próximo, mencionado na obra como
sendo janeiro do ano passado, (p38) época em que Luís conhece Marina e
Julião Tavares. E por fim, existe o passado mais remoto que são as memórias da
infância do narrador.
O romance finda como que sem desfecho porque não dá ao
leitor certeza dos fatos, já que o narrador ensandecido delira dizendo coisas
sem sentido. Porém o esclarecimento se dá no princípio da história quando Luís
inicia a narrativa dizendo: “Levantei-me há cerca de trinta dias, mas julgo que ainda
não me restabeleci completamente. Das visões que me perseguiam naquelas noites
compridas umas sombras permanecem, sombras que se misturam à realidade e me
produzem calafrios” (p.7)
Machado de Assis
Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839 no Rio de
Janeiro. É citado pela crítica como sendo o escritor mais significativo da
literatura brasileira. Atuou como romancista, contista, dramaturgo, jornalista,
crítico literário dentre outros.
De origem pobre nasceu no Morro do livramento e não frequentou
universidade. Todavia ascendeu socialmente, assumindo diversos cargos públicos atuando
no Ministério da Agricultura, do Comércio dentre outros. Seu talento e genialidade foram reconhecidos
desde a publicação de suas primeiras crônicas e poesias. Foi o fundador e também
o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Alcançou relativa fama e
prestígio nacional ainda em
vida. Atualmente , por sua inovação e audácia em temas
precoces, a sua vasta obra tem alcançado notoriedade entre admiradores do mundo
inteiro, sendo esse escritor brasileiro contado entre os grandes gênios da História
da Literatura, citado ao lado de autores como Dante, Shakespeare e Camões.
Escreveu cerca de nove romances, duzentos contos, cinco
coletâneas de poemas e sonetos, e mais de seiscentas crônicas além de peças
teatrais. É apontado como precursor do Realismo no Brasil devido a publicação do
romance "Memórias Póstumas de Brás Cubas".
Memórias
Póstumas de Brás Cubas
Publicado
em 1880, foi inicialmente escrito em forma de folhetim. Este
romance marca o novo estilo na obra Machadiana, destacando-se pela audácia e inovação
temática no cenário literário nacional. Os
críticos consideram que, “com esse romance, Machado de Assis precedeu elementos
do Modernismo e do realismo mágico de escritores como Jorge Luis Borges e Julio Cortázar, e,
de fato, alguns autores chamam-na ‘primeira narrativa fantástica do Brasil’.
[...] O livro é notado como uma das obras mais revolucionárias e inovadoras da
literatura brasileira. Mesmo depois de mais de um século de sua
publicação original, ainda tem recebido inúmeros estudos e interpretações,
adaptações para
diversas mídias e traduções para outras línguas.” (2)
(1) José Roberto Barbosa in O Silêncio das Lembranças (prefácio).
Queima Bucha. 2011
(2) http://pt.wikipedia.org/wiki/Mem%C3%B3rias_P%C3%B3stumas_de_Br%C3%A1s_Cubas
(3) http://www.releituras.com/racheldequeiroz_bio.asp
(3) http://www.releituras.com/racheldequeiroz_bio.asp
(4) Raquel
de Queiroz - Fotografia de Eduardo Simões