Crônica de Clarice Lispector
Não
entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre
limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais
completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não
entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não
entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um
desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a
inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que
não entendo.
Clarice Lispector
A descoberta do Mundo: Crônicas,
Editora Rocco, 2008, p. 178
Clarice
Lispector nasceu em 10 de dezembro de 1920 na República popular da Ucrânia e
Morreu aos 56 anos no Rio de Janeiro. Começou a escrever logo que aprendeu a
ler. Na infância morou e Recife, por isso considerava-se pernambucana. Falava
vários idiomas, dentre: francês e inglês. No ambiente domiciliar falava o idioma
materno.
É, realmente fiquei sem entender. Sei lá....
ResponderExcluirNão sei o que ela entendeu, ou deixou de entender, Mas deve ter um fundamento, deve servir pra alguma coisa. kkkkkk