Poesia de Vinícius de
Moraes
Leão! Leão!
Leão!
Rugindo como
um trovão
Deu um pulo,
e era uma vez
Um cabritinho
montês.
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!
Tua goela é uma fornalha
Teu salto,
uma labareda
Tua garra,
uma navalha
Cortando a
presa na queda.
Leão longe, leão perto
Nas areias do
deserto.
Leão alto,
sobranceiro
Junto do
despenhadeiro.
Leão na caça
diurna
Saindo a
correr da furna.
Leão! Leão!
Leão!
Foi Deus que
te fez ou não?
O salto do tigre é rápido
Como o raio;
mas não há
Tigre no
mundo que escape
Do salto que
o Leão dá.
Não conheço
quem defronte
O feroz
rinoceronte.
Pois bem, se
ele vê o Leão
Foge como um
furacão.
Leão se esgueirando, à espera
Da passagem
de outra fera . . .
Vem o tigre;
como um dardo
Cai-lhe em
cima o leopardo
E enquanto
brigam, tranquilo
O leão fica
olhando aquilo.
Quando se
cansam, o Leão
Mata um com
cada mão.
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!
Fonte: Vinicius de Moraes. A arca de Noé.
Companhia das letrinhas, 2003
Vinícius de Moraes
Marcus Vinicius da Cruz e Mello Moraes nasceu no Rio de Janeiro em 1913. Foi diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro. Grande poeta, essencialmente lírico, o poetinha (como ficou conhecido) notabilizou-se pelos seus sonetos. Boêmio inveterado, era também considerado grande conquistador, casou-se por nove vezes ao longo de sua vida. A Escola literária na qual se classifica é o Modernismo.
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