Margarete Solange
Ah, se eu pudesse não perder nunca!
Nem chaves, nem cidades, nem continentes,
Muito menos pessoas... Nada!
Porque a arte de perder, Bishop, é dolorosa.
É bela tão somente nos versos
De tua bem escrita poesia.
Mas se ela insiste em ensinar lições,
Perder a cada dia para aprender,
Seria mais perder que aprender.
Se eu pudesse administrar o perder
Que vez por outra me arrebata algo,
Não seria tão mal.
Que esse arrebatar não seja sempre!
Não seja dia-a-dia.
E no momento de ser, não seja tão cruel.
Por vezes as perdas se tornam constantes,
Malvadas e mal-vindas.
Então sofrer com resignação seria uma arte?
Seria uma arte acalentar o pranto?
Não seria isso covardia:
Apenas aceitar, seguir sem olhar para trás,
Sem querer resgatar aquilo que se perdeu?
O que seria propriamente a arte?
Ser imune a dor da perda ou render-se a ela?
Na minha fragilidade renego essa arte,
O que realmente desejo é raramente perder.
Fontes: Margarete Solange.
Inventor de Poesia:
Versos Líricos. Queima-bucha, 2010
Essa poesia "A Arte de Perder"
faz referência a poesia One Art (Uma Arte)
da Autora Elizabeth Bishop
.
Uma arte
Elizabeth Bishop
Tradução de Margarete Solange
A arte de perder não é difícil de realizar,
Tantas coisas parecem predestinadas a serem perdidas
Que perdê-las não seria nenhuma desgraça.
Perca algo todos os dias. Aceite o embaraço de perder
chaves de portas, horas mal empregadas.
A arte de perder não é difícil de realizar.
Pratique a perda ainda mais, perdendo algo
frequentemente: lugares e nomes, e onde quer ela esteja
vá ao seu encontro. Nada disso será uma desgraça.
Perdi o relógio de minha mãe. E veja! minha última, ou
quase última, de três adoráveis casas perdidas.
A arte de perder não é difícil de realizar.
Perdi duas cidades que eram incríveis. E, mais que isso,
alguns domínios que possuía, dois rios, um continente.
Eu os perdi, mas não foi uma desgraça.
Mesmo perdendo você (a voz divertida, gestos que amo)
não devo mentir. É evidente que
a arte de perder não é tão difícil de realizar
embora ela pareça (escreva-se) uma desgraça.
.
Eu hein! essa poesia “Uma arte” traduzida por Margarete é uma doidera.
ResponderExcluirÉ bonita, mas na minha opinião é pra ser tudo ao contrario.
Acho que a autora escreveu isso depois que perdeu algo muito importante. Ai ela ficou deprimida demais ou sei lá... é meio estranho.
A poesia diz pra gente deve perder todo dia, mas se a gente perder todo dia, a gente é um perdedor
e isso não tem graça. Nosso objetivo é lutar pra vencer, e não pra perder. Concordo com a poesia “A arte de Perder” de Margarete. Ainda bem que essa poesia desfaz a outra, essa é legal, porque se a gente se acostuma com a arte de perder não é nada legal.
Bem, a arte deperde de Margarete é melhor do que a de Bishop. concordo que perder algo ou alguém não é nada fácil, e nem belo.
ResponderExcluirPerder é doloroso.
ResponderExcluirA perda nos ensina,e pode até nos transformar para melhor, mas Tê-la como uma arte, num sei não...
prefiro ser artista com outros talentos que não seja esse.
Margarete traz esse livro pra mim
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